terça-feira, 14 de junho de 2011

O Tempo comum na vida da Igreja

Tempo comum: tempo da evangelização
“É o Espírito Santo que nos capacita para toda obra boa”, diz cardeal Scherer
SÃO PAULO, terça-feira, 14 de junho de 2011 (ZENIT.org) - Para a Igreja e para os cristãos, o “tempo comum”, retomado com a celebração de Pentecostes, “é o tempo da evangelização, da vivência cristã no dia a dia e do testemunho da fé à luz do Mistério Pascal celebrado e com o vigor dos dons da salvação recebidos”.
“É o tempo da perseverança e dos frutos da fé, da esperança e da caridade”, afirma o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, em artigo publicado na edição desta semana do jornal O São Paulo.
Segundo Dom Odilo, a vida cristã pode ser definida como “seguimento de Cristo”. “É estar a caminho com Jesus Cristo, pela vida afora (‘eu estarei sempre com vocês...’), deixando-se atrair sempre mais por ele, aprendendo dele e tentando praticar o que dele aprendemos”.
Os cristãos não vão sozinhos, pois juntos seguem, “no mesmo caminho, tantos outros irmãos, também discípulos do Senhor e membros da Igreja, que nos apoiam e aos quais devemos apoiar; acompanham-nos os santos do céu com sua intercessão e seu exemplo de vida, dando-nos força e coragem para perseverar e seguir em frente”.
Viver “na Igreja” e sentir-se parte dela “é essencial na vida cristã”. Caminhar sozinhos “é muito difícil e desaconselhável; vamos com os irmãos, na Igreja, comunidade de fé, na comunhão dos santos”.
O arcebispo enfatiza que “ninguém é filho de Deus sozinho, nem discípulo solitário do Senhor”. Por isso, “a vida cristã requer a participação nos atos de vida comunitária, como a santa Missa dominical, as outras celebrações da Igreja e os sacramentos”.
“Em tempos de afirmação crescente do individualismo, é necessário cultivar intensamente a dimensão comunitária da fé e da vida cristã. Precisamos aprender novamente a valorizar o Domingo, dia do Senhor ressuscitado no meio de nós; a Missa dominical é fundamental para a vivência cristã”, afirma.
Dom Odilo indica ainda que os católicos, para não esmorecer na fé, devem se alimentar constantemente da Palavra de Deus.
“A Palavra, lida, ouvida e acolhida com fé eclesial, faz-nos crescer na compreensão das coisas de Deus e de sua santa vontade.”
“Somos discípulos e, por isso mesmo, somos sempre ouvintes da Palavra; ela nos dá a direção a seguir na vida, é luz para o caminho; ela nos dá a verdadeira sabedoria de Deus.”
Segundo o cardeal, a vida cristã se traduz também na sintonia com a vontade de Deus. “Não seríamos pessoas de fé verdadeira, se não buscássemos conformar nossa vida com o desígnio de Deus”.
“A forma mais simples e direta de sintonizar com a vontade de Deus é a observância dos mandamentos da Lei de Deus, que continuam sendo a referência moral universal para todas as pessoas. A observância dos mandamentos é completada pela vivência das bem-aventuranças e das obras de misericórdia.”
Dom Odilo destaca ainda que não poderia haver vida cristã “sem oração pessoal, além da comunitária”.
A oração, “compreendida acima de tudo como o colóquio filial com Deus, é expressão e exercício da nossa condição de ‘filhos de Deus’, como nos tornamos pelo Batismo, e mantém viva e constante nossa comunhão com Deus”.
Além disso – prossegue o cardeal – a vida cristã não seria completa “se faltasse a caridade fraterna, vivida de muitas maneiras”.
“O amor ao próximo decorre do nosso amor a Deus e está intimamente ligado a ele; os filhos de Deus são irmãos entre si e devem tecer relações respeitosas, justas e fraternas no convívio social.”
A caridade “deve ser pessoal e também organizada, como expressão da caridade da Igreja. A caridade organizada, como acontece nas obras sociais, cria oportunidades para que muitas pessoas possam aderir a tais iniciativas”, afirma.
Dom Odilo recorda que “é o Espírito Santo que nos capacita para toda obra boa”. “Ele é que nos torna capazes de ‘querer e agir conforme Deus’”.
“Viver como bons cristãos significa, portanto, deixar-se iluminar, inspirar e conduzir pelo Espírito de Cristo. A ele nos confiemos todos os dias”, encerra o cardeal.

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